A tendinite é a lesão mais comum do esforço repetitivo. Um estudo americano recente fez uma associação entre a dependência de smartphones e a tendinite com alguns estudantes de medicina. O resultado? A WhatsAppite! O estudo descobriu que a prevalência do vício em smartphones entre estudantes universitários é alta (66%) e há correlação entre o uso intenso de smartphones e dor nas mãos. Isto indica que o uso intenso desses dispositivos pode causar efeitos subclínicos na mão humana.
“A tendinite para quem usa muito o celular acomete mais a articulação do polegar. Isto porque a maioria das pessoas segura o celular com a palma da mão e usa o polegar para teclar. Quem tecla muito desta forma acaba por utilizar o extensor e o abdutor do polegar para fazer os movimentos de oponência. Isto sobrecarrega mais por esforço repetitivo os tendões do polegar. No entanto, outros tendões e outras estruturas da mão podem sofrer inflamações por usar muito a área”,
diz o ortopedista, especialista em Ombro e Cotovelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HCFMUSP, dr. José Otávio Reggi Pécora.
Quais são as causas?
A causa é o movimento repetitivo propriamente dito, segundo o especialista. Manter o punho em extensão por muito tempo e os dedos em pressão para digitar, especialmente em aplicativos de mensagens, onde digitamos mais, resultam em uma sobrecarga no tendão e geram a inflamação.
Como identificar?
Os sintomas são as dores, a dificuldade dos movimentos e, às vezes, até o travamento do tendão, o chamado “dedo em gatilho”.
Tratamentos
A terapia ocupacional pode ser uma boa opção, pois melhora a função de pinça e estabiliza a articulação do polegar para quem tem tendinite pelo uso excessivo do celular.
“É fundamental para estabilizar e dar força para o tendão. Melhora a excursão, faz uma adaptação ocupacional dos movimentos do uso do celular, ou seja, faz estes movimentos de refinamento da mão, dos dedos e do punho para uso manual no dia a dia”
comenta o dr. José Otávio Reggi Pécora.
Os exercícios funcionais deixarão o tendão com melhor função e a musculatura mais firme para segurar, e mais estável. Tudo isto para deixar a mão mais preparada para esta ocupação. Além disso, há medidas anti-inflamatórias por medicação, gelo, alguns imobilizadores – para evitar forçar o tendão. Em casos extremos, podem ser feitas infiltrações e até cirurgia para destravar o tendão que está inflamado em demasia.
O uso do celular para trabalhar e para fazer as diversas atividades no dia a dia geram um risco elevado de a tendinite virar crônica. Para evitar que isto aconteça o especialista recomenda: “diminuir a digitação no celular, utilizando a função ditado ou aproveitar o recurso dos áudios, por exemplo, são boas pedidas”, finaliza.
Adaptação funcional – Outras dicas para usar o celular de forma a gerar menos tendinite são: digitar com os dois polegares, apoiar os antebraços ao teclar, evitar digitar deitado, evitar sentar-se com a cabeça inclinada para frente e não enviar mensagens de texto em alta velocidade.
Sobre o dr. José Otávio Reggi Pécora Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP, dr. José Otávio Reggi Pécora possui doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP e especialização em Ombro e Cotovelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HCFMUSP. Um dos médicos da equipe da Prime Care Medical Complex, suas áreas de atuação são dores crônicas do ombro e cotovelo, distensão muscular, artrose, ruptura de ligamento, bursite, tendinites, lesões, fraturas ou luxações, instabilidade patelar, dores musculares, LCA – ligamento cruzado anterior e problemas de coluna. Para outras informações acesse https://www.primecare.med.br/